Instituto Superior Técnico

Direção de Recursos Humanos

Avaliação dos riscos psicossociais

Numa tentativa de corresponder às necessidades de avaliação e monitorização dos fatores dos riscos psicossociais, a comissão Working@tecnico decidiu seguir as diretrizes estabelecidas pela Ordem dos Psicólogos Portuguesa (OPP) no que respeita ao Instrumento a adotar para obter resultados a este nível.

Em Portugal a adaptação e validação do Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ) nas suas versões curta, média e longa tornou-o um instrumento cada vez mais usado nos processos de avaliação e monitorização dos fatores de risco psicossociais.

 

a) COPSOQ

Desenvolvido e validado por Kristensen e Borg (2000) com a colaboração do Danish National Institute for Occupational Health in Copenhagen, este questionário teve como principal objetivo tornar possível avaliar o constructo “factores de risco psicossocial” (Psicossocial, 2018) na sua dimensão mais ampla e multidimensional. A abordagem deste questionário, dos mais usados na avaliação dos RPS e validado para a população portuguesa, é eclética que envolve uma ampla gama de aspetos, conceitos e teorias atuais (Kristensen et al., 2005).

Seguindo Kristensen et al. (2005), o COPSOQ abrange o conceito lato de “stress no trabalho”, tendo como suporte um modelo baseado na exigência e controlo, que pretende explicar o stress como consequência da conjugação entre elevadas exigências no trabalho e um baixo apoio social.

No Instituto Superior Técnico a versão do COPSOQ utilizada foi a versão média, que apresenta um bom equilíbrio entre a identificação de dimensões psicossociais e a quantidade de questões por subescala.

Todos os itens do COPSOQ são avaliados numa escala tipo Likert de 5 pontos (1 -Nunca/quase nunca, 2- Raramente, 3- Às vezes, 4 – Frequentemente e 5- Sempre ou 1 Nada/quase nada, 2- Um pouco, 3- Moderadamente, 4-Muito e 5 – Extremamente).

Este instrumento permite avaliar as seguintes variáveis: exigências cognitivas; compromisso; autonomia; exigências para esconder as emoções; exigências emocionais; feedback; influência; insegurança; satisfação; meaningfulness/significado; carreira; previsibilidade; liderança; exigências quantitativas; clareza de papeis; conflito de papeis; sentimento de comunidade; exigências sensoriais; relações/suporte social; saúde mental/física; coerência; stress ocupacional.

Considera-se este questionário uma oportunidade para identificar potenciais áreas de risco para posteriormente intervir sobre elas, podendo subsequentes aplicações permitir avaliar o impacto das medidas de prevenção primária, secundária ou terciária aplicadas.

Sendo um dos objetivos da Working@tecnico recolher informação regular e sistematizada, que permita caracterizar a segurança e a saúde (física e psicológica) e o bem-estar no local de trabalho, a forma de recolha de dados foi agregada, considerando as áreas ou serviços descritos na tabela na próxima secção.

 

b) Áreas ou Serviços agregados para a recolha de dados por intermédio do COPSOQ

Departamento/Serviço
Assessoria à Gestão (AEPQ – Área de Estudos, Planeamento e Qualidade + AQAI – Área para a Qualidade e Auditoria Interna + NSCG – Núcleo de Secretariado do Conselho de Gestão + CC – Conselho Científico + CP – Conselho Pedagógico + DAJ – Direção de Apoio Jurídico + ADM – Administrador + ACG – Assessorias ao Conselho de Gestão + IST-ID + SAUD – Núcleo de Serviços de Saúde)
CTN – Campus Tecnológico e Nuclear – Área de Serviços Administrativos do CTN
DECN – Departamento de Eng. e Ciências Nucleares + Labs – Laboratórios do CTN
Departamento de Eng. Civil, Arquitetura e Georrecursos
Departamento de Eng. Mecânica Alameda
DFís. Alameda – Departamento de Física (Alameda) + DMat. Alameda – Departamento de Matemática (Alameda) + DEEC – Departamento de Eng. Eletrotécnica e de Computadores
Direção Académica
Direção Contabilística
Direção de Projetos
Direção de Recursos Humanos
Direção Orçamental e Patrimonial
Direção Técnica – Área de Apoio Geral + Gestores de Edifícios
Direção Técnica – Área de Bibliotecas, Arquivo e Centro Congressos
Direção Técnica + Direção Técnica – Área de Instalações e Equipamentos
Outros Departamentos (DBE – Departamento de Bioeng. + DEG – Departamento de Eng. e Gestão + DEI – Departamento de Eng. Informática + DEQ – Departamento de Eng. Química + Lab.Quím.Fís. – Laboratório de Química-Física + Lab.Quím.Org. – Laboratório de Química Orgânica)
Relações com o exterior (AAI – Área de Assuntos Internacionais + ACIM – Área de Comunicação, Imagem e Marketing + ATT – Área de Transferência de Tecnologia + ISTPress)
Serviços de Informática
Taguspark
Unidades de Investigação (CEGIST – Centro de Estudos de Gestão do IST + Centro Inovação Engª Elect. e Energia + CERENA – Centro de Recursos Naturais e Ambiente + Ceris – Instituto de Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade + CQE – Centro de Química Estrutural + IBB – Instituto de Bioengenharia e Biociências + IN+ – Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento + IPFN – Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear + ISR – Instituto de Sistema e Robótica + MARETEC – Centro de Ciência e Tecnologia do Ambiente e do Mar)
Unidades Especializadas – Técnicas (LAIST – Laboratório de Análises do IST + MicroLab – Laboratório de Microscopia Eletrónica do IST + NOF – Núcleo de Oficinas)

 

c) Confidencialidade dos dados

Cada trabalhador/a preencheu um questionário individualmente, no entanto, as suas respostas foram integradas no conjunto de respostas dadas pelos respetivos membros da área em que se insere (ver tabela). Desta forma, o anonimato e a confidencialidade de cada participante foram garantidos.

Os resultados da aplicação do COPSOQ no Técnico foram enviados para a coordenação da Comissão Técnica de Avaliação dos Riscos Psicossociais (CARP-T), sendo o acesso feito a partir do site da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), apenas com as credenciais pessoais da coordenadora da Comissão.

Os dados globais foram posteriormente tratados e foi produzido um sumário executivo (PDF, 544KB) das atividades da CARP-T até meados de janeiro de 2020, que foi entregue em março 2020 ao Presidente do Técnico, Professor Rogério Colaço. Em julho do mesmo ano, a CARP-T apresentou os resultados globais da avaliação ao Conselho de Gestão, mas sem divulgar os resultados por área/serviço (que se vão manter apenas no conhecimento da coordenação da CARP-T).

As áreas ou serviços agregados foram organizados de forma a que o número de respondentes fosse sempre igual ou superior a 30, para aumentar a anonimização dos dados, e foi também solicitado à OPP que a pergunta sobre o sexo dos/as trabalhadores/as fosse eliminada para haver ainda menos probabilidade de identificação dos/as respondentes.

d) Resultados

Em janeiro 2020, já posteriormente à aplicação do COPSOQ – II, a Comissão de Avaliação dos Riscos Psicossociais (CARP) fez um apanhado de todo o trabalho realizado até àquele momento e elaborou um parecer para o Conselho de Gestão relativo à divulgação dos resultados da avaliação dos Riscos Psicossociais para a comunidade IST, posteriormente à elaboração de uma primeira versão do Relatório da Avaliação dos RPS por parte da Equipa Técnica da CARP.

No início de maio de 2020, o Relatório da Avaliação dos Riscos Psicossociais foi concluído, dando conta das respostas dos/as trabalhadores/as ao COPSOQ-II (taxa de resposta de 68%). A 14 de maio a CARP produziu um sumário executivo deste relatório  que foi apresentado ao Conselho de Gestão, em conjunto com o Relatório produzido pela equipa técnica. O dado mais saliente, pela negativa, que se pode apurar a partir da análise dos resultados consiste na identificação de 11 grupos de áreas/serviços agregados que apresentam um risco psicossocial severo, associado a dimensões como as exigências cognitivas e emocionais, o ritmo de trabalho, o apoio social de superiores, a possibilidade de exercer influência no trabalho e algumas situações relacionadas com justiça e respeito. Recordamos que estas áreas/serviços NÃO foram identificadas no Relatório.

Os dados mais salientes, pela positiva, incluem a perceção de uma maioria de trabalhadores/as de que:

– Não sentem insegurança laboral

– Sentem que existe justiça e respeito no local de trabalho (contudo, há uma perceção de insuficiente reconhecimento)

– Sentem que fazem parte de uma comunidade, e que existe bom ambiente e cooperação entre colegas (comunidade social no trabalho)

– Sentem que têm boas possibilidades de desenvolvimento (p.e. o seu trabalho permite-lhes ter iniciativa, aprender coisas novas e usar as suas competências)

– Sentem que o seu trabalho tem significado (p.e. o seu trabalho é sentido como importante e os/as trabalhadores/as no geral sentem-se motivados/as e envolvidos/as no mesmo)

– Sentem que o seu papel laboral é suficientemente transparente (p.e. o trabalho apresenta objetivos claros, os/as trabalhadores/as sabem quais são as suas responsabilidades e o que é esperado deles/as)

– Sentem-se comprometidos face ao seu local de trabalho

– Sentem-se eficazes/competentes

– Sentem que no geral há confiança entre o Conselho de Gestão e os/as trabalhadores/as

A dimensão “comportamentos ofensivos”, que compreende o assédio e as ofensas verbais e físicas, não se encontra entre os fatores de risco psicossocial, contudo, a ocorrência de alguns destes comportamentos, impossíveis de personalizar por intermédio do COPSOQ-II (pelas mesmas razões que assegura a confidencialidade dos dados), conduziu a uma recomendação da CARP no sentido de se criarem sistemas seguros e rápidos de identificação e intervenção nestas situações.

As restantes dimensões avaliadas pelo COPSOQ-II apresentam, na comunidade IST, um risco moderado, o qual justifica plenamente uma intervenção por parte da Escola, numa primeira linha através da implementação de medidas de prevenção primária, mas também secundária e terciária (no Relatório da CARP-T são identificadas 34 medidas).

Estes resultados, e uma proposta reduzida de 10 medidas principais, foram apresentados ao Conselho de Gestão no final de julho, que se comprometeu a divulgar os resultados globais de forma mais detalhada em fase posterior, depois de serem também discutidas e aprovadas as medidas de intervenção a implementar no Técnico no curto/médio prazo, com o objetivo de criar uma vivência mais sã e recompensadora para todos/as os/as trabalhadores/as

De entre as medidas propostas, destacam-se e encontram-se explicitamente referidas a elaboração de um Código de Conduta e Boas Práticas para a Comunidade Técnico, e também a criação de uma página/área de trabalho na DRH especificamente dedicada ao bem-estar dos trabalhadores.

sumário executivo (PDF, 544KB) dá conta das conclusões principais deste relatório, incluindo um resumo das várias fases da avaliação dos RPS no Técnico, os principais resultados e algumas sugestões de medidas que estão a ser discutidas pelos órgãos de gestão da Escola relativamente à sua exequibilidade.

A equipa da CARP-T e o Conselho de Gestão viram-se forçados a lidar com os desafios próprios destes tempos de pandemia, que potencialmente poderão agravar alguns dos Riscos Psicossociais identificados, e por isso foi produzido um Guia de Boas Práticas para o Teletrabalho (PDF, 282KB).