As mudanças ocorridas no mundo do trabalho, das quais se destacam o aumento da carga e do ritmo de trabalho, as transformações socioeconómicas, os contratos precários, o desemprego, o aumento da incerteza e da instabilidade laboral conduziram a um aumento significativo dos riscos psicossociais para os/as trabalhadores/as, com forte impacto na sua saúde física e psicológica.
Segundo a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Trabalho, o stress laboral afeta mais de 40 milhões de trabalhadores/as em toda a União Europeia, representando um custo económico de €20 milhões. A Organização Internacional do Trabalho estima que as perdas de qualidade, absentismo e turnover resultante do stress no trabalho variam entre 3% e 4% do PIB nos países industrializados (dados citados pela OPP, 2014).
Segundo um inquérito conduzido pela DECO proteste junto de 1146 trabalhadores/as (maioritariamente por conta de outrem, com contrato de trabalho a termo certo ou incerto), entre janeiro e fevereiro de 2018, 31% dos inquiridos estão em risco de burnout. Os/as trabalhadores/as que apresentam maior risco são os que estão muito insatisfeitos com o seu trabalho, os que, não estando satisfeitos nem insatisfeitos, sentem pouco ou nenhum apoio dos superiores hierárquicos em situações de stress laboral e, em particular, as mulheres.
O burnout, que pode ser traduzido por esgotamento físico e mental extremo, resulta do stress crónico gerido de forma inadequada associado ao trabalho. Caracteriza-se por uma grande falta de energia ou exaustão, distanciamento mental face à atividade profissional e sentimentos negativos ou de cinismo relativamente às condições de trabalho e aos colegas. Existe frequentemente uma concomitância de sintomas físicos, que podem incluir dores de cabeça, de costas, de estômago e problemas intestinais. O trabalho revela-se cada vez mais stressante e frustrante para os afetados por esta síndrome, e a execução das atividades diárias, no trabalho, em casa e com a família cada vez mais difícil, podendo surgir problemas de concentração, apatia, ansiedade, entorpecimento emocional e falta de criatividade. Mais informações
Na primavera de 2019 a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou, pela primeira vez o burnout como um diagnóstico clínico, ainda que apenas aplicável ao contexto profissional (consultar aqui) . As intervenções para prevenir e tratar esta síndrome estão ainda insuficientemente estudadas, apontando, contudo, para a necessidade de implementar medidas organizacionais e individuais – as primeiras devem incluir a criação de liberdade e autonomia para os/as trabalhadores/as e de possibilidades de apoio social, bem como o desenho de atividades laborais estruturadas de prevenção e redução do stress; as segundas devem incluir formação e educação contínuas e ainda a aprendizagem de estratégias de coping, não esquecendo a prática de exercício físico e de um número de horas de sono razoável.